domingo, 18 de janeiro de 2009

Falsidade histórica dos tradicionalistas

O cismático arcebispo Marcel Lefebvre assinou os documentos do Concílio Vaticano II, que, mais tarde, contestaria abertamente até ser excomungado
00h30m
Rui Osório
Qualquer jornalista sénior tem memória viva do reboliço causado pelo tradicionalista arcebispo francês D. Marcel Lefebvre, com a sua contestação aberta às orientações teológicas e pastorais do Concílio Vaticano II (1962-1965).
O arcebispo Marcel Lefebvre, excomungado em 1988 por ordenar quatro bispos sem licença da Santa Sé, afinal assinou todos os documentos do Concílio Vaticano II, que, mais tarde, criticaria asperamente.
A revista italiana "Panorama" publicou a reportagem "No coração secreto do Vaticano", assinada pelo jornalista Ignazio Ingrao, que "desmascara a falsidade histórica dos tradicionalistas", presididos actualmente pelo bispo cismático Bernard Fellay, que, há meses, rejeitou as condições propostas pela Santa Sé para que os tradicionalistas, discípulos de Lefebvre, voltassem à comunhão com a Igreja Católica.
O historiador Piero Doria, que acompanhou Ignazio Ingrao na reportagem sobre o arquivo secreto do Vaticano, confirma que Marcel Lefebvre assinou todos os documentos do Vaticano II. Historiadores e especialistas já conheciam a informação, mas o grande público desconhecia essa incongruência. Os tradicionalistas faziam propaganda de que o seu "mestre" sempre se opôs aos documentos conciliares, embora os textos originais os desmintam.
Recordemos que Marcel Lefebvre (1905-1991) foi excomungado em 1988, depois de ter ordenado quatro bispos à revelia da Santa Sé. Segundo a sua biografia oficial, opôs-se aos ventos de renovação do Vaticano II. Fundou, durante a realização do Concílio, o "Caetus Internationalis Patrum" para defesa da ortodoxia, tal como a entendia e que o Vaticano II, como dizia, estaria a pôr em questão com uma alegada "nova teologia". Não admira que tenha classificado de "destrutivas" as reformas conciliares e pós-conciliares.
Em 1968, fundaria, na Suiça, a "Fraternidade S. Pio X" e, um ano depois, o seminário internacional de Econe, também na Suiça.
Em 1976, foi suspenso "a divinis" por ter presidido a ordenações sacerdotais irregulares. Apesar das admoestações dos papas Paulo VI e João Paulo II, continuaria a presidir a ordenações, inclusive de quatro bispos. Em 30 de Junho de 1988, ordenou esses bispos e a Congregação para os Bispos publicou o decreto oficial da sua excomunhão e dos quatro bispos. Foi a ruptura máxima com a Santa Sé.

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