sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quadro do deus romano está em exposição em Florença

Caravaggio pintou o seu auto-retrato no interior do jarro de vinho visível à direita de Baco, no famoso quadro do pintor do deus romano existente na Galeria dos Ofícios, em Florença, segundo peritos italianos citados hoje pela imprensa.

A descoberta foi feita por restauradores e investigadores, através de uma sofisticada análise com recurso a instrumentos da mais avançada tecnologia.

Os resultados da investigação serão hoje comunicados oficialmente ao Comité Nacional para as Celebrações do quarto centenário da morte do pintor, em 1610.
No interior do jarro, Caravaggio pintou a silhueta de um homem, de pé, com um braço estendido. Alguns traços do vulto são claramente distinguíveis, em particular o nariz e os olhos, sendo também perceptível um colarinho.
Os especialistas crêem poder hoje dizer-se que o pintor (1573-1610) fez o seu auto-retrato reflectido num jarro que tinha à sua frente enquanto estava a pintar.
Segundo o jornal italiano "La Stampa", há já algum tempo que se dizia que o vulto de Michelangiolo Merisi da Caravaggio deveria estar oculto num ponto qualquer do quadro, mas ninguém até hoje pudera demonstrá-lo.




Baco, um quadro a óleo de 95 por 85 centímetros, foi pintado por Caravaggio em 1596 e 1597 por encomenda do cardeal Del Monte para o oferecer a Fernando I de Medici, por ocasião do casamento do filho Cosimo II.

Temporada de Cravo começa sábado em Óbidos e homenageia Händel

Santuário do Senhor da Pedra é o cenário para os quatro concertos que constituem a Temporada de Cravo de Óbidos que começa sábado e termina a 21 de Novembro

A Temporada de Cravo que se realiza desde 2003, acontecerá pela primeira vez num único espaço da vila estremenha, precisamente onde em 1747 nasceu um dos mais importantes compositores portugueses de música sacra, designadamente para cravo, José Joaquim dos Santos.

«A aposta, este ano, é aumentar o número de espectadores, daí termos optado por um espaço maior», disse à Lusa José Parreira, da organização.
A edição deste ano é dedicada aos 250 anos da morte do compositor barroco alemão George Friedrich Händel (1685-1789).
Logo no concerto inaugural, sábado, às 21h30, João Paulo Janeiro apresenta um programa intitulado Música de Tecla de Händel e as suas influências, interpretando peças do compositor germânico, de Scarlatti, Couperin, Bach e Purcell. José Parreira afirmou que «Óbidos tem dedicado especial atenção ao Cravo, nomeadamente pelo facto de aqui ter nascido José Joaquim dos Santos, e além desta temporada tem apostado na investigação da sua obra, a edição de partituras e de CD com peças suas, mas também em dar apoio a novos cravistas».
O município adquiriu em 2000 um cravo, cópia de um Goemans-Taskin do género franco-flamengo 1764-1783, fabricado pelo italiano Guido Bizzi, que «músicos jovens podem tocar gratuitamente».
Sempre no Santuário do Senhor da Pedra, o segundo concerto da Temporada, com objectivos pedagógicos, acontece dia 7 de Novembro, também às 21h30.

O músico José Carlos Rodrigues interpretará suites para Cravo de Händel, e Jorge Rodrigues fará os comentários.
Tanto o cravista como o comentador estarão trajados com fatos da época de Händel (século XVIII).
No sábado seguinte, Ana Mafalda Castro (cravo) e Bruno Monteiro (violino) interpretam músicas de Händel, Bach e Carlos Seixas.
A Temporada encerra dia 21 com o ensemble La Main Gauche constituído por baixo contínuo, flauta de bisel, violoncelo barroco e contra tenor, que interpretarão peças de Häendel e Bach.
Lusa / SOL

Orquestra Nacional do Porto apresenta obras de Henze, Saint-Saëns, Franck e Richard Strauss

Obras de Henze, Saint-Saëns, César Franck e Richard Strauss compõem o programa do concerto que a Orquestra Nacional do Porto apresenta no sábado, na Casa da Música, sob a direcção do maestro titular, Christoph König, disse à Lusa fonte da instituição


Este concerto, concebido de forma a evocar o «contraste entre as paisagens de África e dos Alpes», conta com a presença do pianista russo Alexander Pirojenko, um dos vencedores do Prémio Internacional Vendôme de 2003 e laureado nos Concursos Emil Gilels e Horowitz.

O programa arranca com a obra de Hans Werne Henze La Selva Incantata, seguida de África, Op. 89, de Camille Saint-Saëns, e das Variações Sinfónicas, de César Franck, encerrando com a Sinfonia Alpina, de Richard Strauss.
La Selva Incantata entrelaça várias passagens da ópera O Rei Veado, a grande produção de Hans Werner Henze, escrita entre 1953 e 1956, que marcou a ruptura decisiva do compositor com a dogmática vanguarda europeia da época.
A enorme dimensão da ópera O Rei Veado (quatro horas mais intervalos), de Henze, e as grandes exigências cénicas e de elenco trouxeram problemas práticos.
Isto levou a que, muitos anos depois, o compositor tenha regressado a esta ópera para criar La selva Incantata, encomendada pela Ópera Estatal de Frankfurt para assinalar a sua reabertura em Abril de 1991.
Viajante entusiasta, Camille Saint-Saëns escapava frequentemente ao rigor do Inverno parisiense e à pressão da vida musical da cidade, fazendo férias prolongadas em zonas temperadas.
Em 1889/90 visitou Granada e Cádis e passou depois vários meses nas Ilhas Canárias, tendo composto, durante este período África, uma fantasia num único andamento para piano e orquestra.
As Variações Sinfónicas, de César Franck, fazem parte do conjunto das suas obras-primas tardias, são consideradas pela crítica como tendo sido influenciadas por Tristão e Isolda, de Wagner.
A obra, que data de 1885, foi escrita para o pianista Louis Diémer, como um agradecimento por ter tocado a parte solo do poema sinfónico Les Djinns, de Franck, no ano anterior.
A Sinfonia Alpina, de Richard Strauss, é considerada como «um hino à natureza, com uma descrição detalhada não apenas de sentimentos mas também da paisagem e do clima».
De acordo com os historiadores, o plano da obra foi sugerido por uma viagem de escalada na qual o compositor tinha participado aos 14 anos.
A Sinfonia Alpina está escrita sumptuosamente para uma orquestra de 100 ou mais elementos, incluindo um órgão e, fora do palco, um grupo extra de mais 16 metais, sendo este colectivo essencialmente usado «não para produzir peso e poder sonoro puro, mas para gerar cores em constante variação num equilíbrio perfeito e consistente».


Lusa / SOL

CCB evoca Jorge de Sena no octogésimo aniversário do seu nascimento

O Centro Cultural de Belém evoca no domingo Jorge de Sena, nascido faz dia 2 de Novembro 80 anos, promovendo a leitura de poemas e contos do poeta, dramaturgo, ficcionista e ensaísta e a projecção do filme Sinais de fogo, baseado no único romance que escreveu

Entre as 14h30 e as 17h lerão os poemas Fernando Luís Sampaio, Luísa Cruz, Mafalda Lopes da Costa, Jacinto Lucas Pires e Helena Barbas.

A partir das 17h15, Jorge Vaz de Carvalho e o realizador de Sinais de Fogo, Luís Filipe Rocha, conversarão sobre o filme Sinais de Fogo, que será projectado logo a seguir.
«Agente de uma certa ideia do amor ('só não é belo o que se não deseja ou o que ao nosso desejo mal responde') e da liberdade ('o resistir a tudo o que pretende diminuir-nos ou confinar-nos'), Jorge de Sena foi acima de tudo um agitador das ideias feitas, um corsário das palavras, um salteador de tesouros escondidos na nossa alma», escreve o CCB numa nota, a propósito da evocação.
Na mesma nota, Sena aparece descrito como «um fora-da-lei da consciência portuguesa do século XX», como alguém que «fez do exílio uma razão acrescida de amar mais dolorosamente o país que era o seu».
Sena faleceu há 31 anos nos Estados Unidos. Os seus restos mortais foram trasladados em Setembro último daquele país para o Cemitério dos Prazeres, em Portugal.

Hoje reconhecido como um dos maiores poetas e uma das figuras centrais da Cultura e do Pensamento do século XX português, Sena saiu de Portugal em 1959, «receando - segundo Jorge Fazenda Lourenço, um dos principais estudiosos da sua obra - as perseguições políticas resultantes de uma falhada tentativa de golpe de estado, a 11 de Março desse ano», em que esteve envolvido.
Tinha então 40 anos e era já autor de cinco títulos de poesia - Perseguição (1942), Coroa da Terra (1946), Pedra Filosofal (1950), As Evidências (1955) e Fidelidade (1958) - que deixaram marca indelével nas Letras portuguesas.
A par da escrita, Sena desenvolvera uma intensa actividade de conferencista e crítico em jornais e revistas, de coordenador editorial e consultor literário, colaborando ainda nos Cadernos de Poesia.
Para o ensaísta Fernando J. B. Martinho, profundo conhecedor da obra de Sena, As evidências é «o ponto mais alto do que poderia considerar-se a primeira fase» da sua produção poética, precisamente a que inclui as cinco obras citadas.
«Sempre a poesia de Sena soube dialecticamente combinar a 'disciplina' e o excesso, a ordem e o 'tumulto', o 'clássico' e o moderno, e isso, em parte, ajudará a explicar o fascínio que por ela experimentam os que iniciaram o seu percurso no ocaso do paradigma modernista», escreveu Martinho, sobre o conjunto da obra poética seniana.
No Brasil, a primeira etapa do seu exílio, Sena permaneceu seis anos, até 1965, período em que deu à estampa Metamorfose (1963), os ensaios de Da poesia portuguesa, O Poeta é um fingidor, O reino da estupidez, Poesia I, o primeiro volume da sua obra poética completa, os contos de Andanças do Demónio e Os ensaios de Camões e o soneto quinhentista peninsular, que apenas seria publicado em 1969.
Nos Estados Unidos, a partir de Outubro de 1965 fez parte do corpo docente da Universidade de Wisconsin, Madison, sendo nomeado professor catedrático efectivo em 1967.
Três anos depois, mudou-se para a Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, onde ocupou os cargos de director do Departamento de Espanhol e Português e do Programa de Literatura Comparada.

Lusa / SOL



Mais sobre Jorge de Sena
http://www.astormentas.com/sena.htm
http://cvc.instituto-camoes.pt/figuras/jdesena.html
http://portugal.poetryinternationalweb.org/piw_cms/cms/cms_module/index.php?obj_id=9657