O Centro Cultural de Belém evoca no domingo Jorge de Sena, nascido faz dia 2 de Novembro 80 anos, promovendo a leitura de poemas e contos do poeta, dramaturgo, ficcionista e ensaísta e a projecção do filme Sinais de fogo, baseado no único romance que escreveu
Entre as 14h30 e as 17h lerão os poemas Fernando Luís Sampaio, Luísa Cruz, Mafalda Lopes da Costa, Jacinto Lucas Pires e Helena Barbas.
A partir das 17h15, Jorge Vaz de Carvalho e o realizador de Sinais de Fogo, Luís Filipe Rocha, conversarão sobre o filme Sinais de Fogo, que será projectado logo a seguir.
«Agente de uma certa ideia do amor ('só não é belo o que se não deseja ou o que ao nosso desejo mal responde') e da liberdade ('o resistir a tudo o que pretende diminuir-nos ou confinar-nos'), Jorge de Sena foi acima de tudo um agitador das ideias feitas, um corsário das palavras, um salteador de tesouros escondidos na nossa alma», escreve o CCB numa nota, a propósito da evocação.
Na mesma nota, Sena aparece descrito como «um fora-da-lei da consciência portuguesa do século XX», como alguém que «fez do exílio uma razão acrescida de amar mais dolorosamente o país que era o seu».
Sena faleceu há 31 anos nos Estados Unidos. Os seus restos mortais foram trasladados em Setembro último daquele país para o Cemitério dos Prazeres, em Portugal.
Hoje reconhecido como um dos maiores poetas e uma das figuras centrais da Cultura e do Pensamento do século XX português, Sena saiu de Portugal em 1959, «receando - segundo Jorge Fazenda Lourenço, um dos principais estudiosos da sua obra - as perseguições políticas resultantes de uma falhada tentativa de golpe de estado, a 11 de Março desse ano», em que esteve envolvido.
Tinha então 40 anos e era já autor de cinco títulos de poesia - Perseguição (1942), Coroa da Terra (1946), Pedra Filosofal (1950), As Evidências (1955) e Fidelidade (1958) - que deixaram marca indelével nas Letras portuguesas.
A par da escrita, Sena desenvolvera uma intensa actividade de conferencista e crítico em jornais e revistas, de coordenador editorial e consultor literário, colaborando ainda nos Cadernos de Poesia.
Para o ensaísta Fernando J. B. Martinho, profundo conhecedor da obra de Sena, As evidências é «o ponto mais alto do que poderia considerar-se a primeira fase» da sua produção poética, precisamente a que inclui as cinco obras citadas.
«Sempre a poesia de Sena soube dialecticamente combinar a 'disciplina' e o excesso, a ordem e o 'tumulto', o 'clássico' e o moderno, e isso, em parte, ajudará a explicar o fascínio que por ela experimentam os que iniciaram o seu percurso no ocaso do paradigma modernista», escreveu Martinho, sobre o conjunto da obra poética seniana.
No Brasil, a primeira etapa do seu exílio, Sena permaneceu seis anos, até 1965, período em que deu à estampa Metamorfose (1963), os ensaios de Da poesia portuguesa, O Poeta é um fingidor, O reino da estupidez, Poesia I, o primeiro volume da sua obra poética completa, os contos de Andanças do Demónio e Os ensaios de Camões e o soneto quinhentista peninsular, que apenas seria publicado em 1969.
Nos Estados Unidos, a partir de Outubro de 1965 fez parte do corpo docente da Universidade de Wisconsin, Madison, sendo nomeado professor catedrático efectivo em 1967.
Três anos depois, mudou-se para a Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, onde ocupou os cargos de director do Departamento de Espanhol e Português e do Programa de Literatura Comparada.
Mais sobre Jorge de Sena
http://www.astormentas.com/sena.htm
http://cvc.instituto-camoes.pt/figuras/jdesena.html
http://portugal.poetryinternationalweb.org/piw_cms/cms/cms_module/index.php?obj_id=9657
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