tanta memória... wasted and secret words... time after time... J'aime les nuages... les nuages qui passent... là-bas... Tu le connais, lecteur, ce monstre délicat...J'ai longtemps habité sous de vastes portiques ... Que les soleils marins teignaient de mille feux...La musique souvent me prend comme une mer !
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Raul da Costa Camelo morreu em Paris aos 84 anos
O pintor Raul da Costa Camelo, 84 anos, faleceu hoje em Paris, disse à Lusa a sua mulher. O artista, natural da Covilhã, vivia em Paris desde 1950, e encontrava-se hospitalizado desde Março
«É de lamentar a perda de um dos mais significativos artistas portugueses em França, um pintor histórico de Paris», disse à Lusa, João Pedro Garcia, director da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris.
Costa Camelo planeava uma grande exposição em Janeiro na Amadora, disse à Lusa, a sua mulher, Claude Costa Camelo.
O pintor, que frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa, e a Academia Real de Belas Artes de Antuérpia, expôs com frequência em França e Portugal, estando representado em várias colecções particulares.
Em 1984, o Governo português condecorou-o com o grau de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 1987, foi a vez do Governo de Paris o distinguir com o grau de Cavaleiro das Artes e das Letras.
Os críticos de arte qualificam a sua obra abstracta como de uma «modernidade intemporal».
O jornal bilingue Luso, que se publica em Paris, quando o distinguiu este ano com o Prémio Talento, escreveu que Costa Camelo «não conhece limites e as suas obras levantam problemas de interpretação do que não é interpretável. É assim, uma pesquisa profunda da cor aplicada na tela com a força de quem quer deixar o traço do pincel, marcado no tempo dos tempos».
Costa Camelo foi também jornalista, tendo chefiado a redacção portuguesa da Rádio France International (RFI), na década de 50.
«De convívio muito agradável, dotado de um espírito irónico, muito interessado por questões culturais, conhecedor profundo da maneira de estar francesa, uma verdadeira enciclopédia sobre a V República Francesa, e poliglota», foi como o jornalista António Garcia apresentou o antigo colega da RFI.
As cerimónias fúnebres decorrerão quarta-feira no cemitério de Père-Lachaise, em Paris, onde será cremado, não se realizando por vontade expressa do pintor qualquer serviço religioso.
Lusa / SOL
1953 – Galeria Mistral em Paris
1962 – Galeria Mouffe em Paris
1969 – 1.° prémio do Office do Turismo de Portugal em Paris
1975 – Galerias Rayuela 19 e La Kabala em Madrid
1976 – Galeria Varron em Salamanca
1976 - Galeria Torques em Santiago de Compostela
1977 – Covilhã
1978 – Prémio de Barbizon
1978 - Galeria Guémard em Angers
1986 – Alliance Française em Lisboa
1987 – Exposições em Coimbra, Tomar, Figueira da Foz, Caixa Geral dos Depósitos em Lisboa
Galeria Quadrado Azul, Porto
1988 – Festa Nacional, Covilhã,
1990 – Alliance Française em Lisboa
1991 – Universidade da Alta Bretanha em Rennes
1994 – Exposição na "Árvore" no Porto
1995 – Galeria Leonardo em Paris
1998 – Galeria Municipal na Amadora
2000 – Galeria Iosephus em Lisboa
As suas obras estão representadas em colecções particulares e museus em França e no estrangeiro.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Barack Obama é o 44º presidente dos EUA
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
O país onde vivo
Neste país onde vivo... algo de estranho acontece... que me envergonha... não me emudece porque o quero declarar... e sobre ele reflectir... como podemos ter um 1ºministro que, em missão na venezuela, tenta vender "magalhães" e usa como argumento.... "este computador é como o tintim, dos 7 aos 77".... que nojo de tudo isto me fica... que chalaça mais sem sentido... e ri-se o pobre diabo...
sá de miranda e pessoa
Comigo me desavim
Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
Com dor da gente fugia,
Antes que esta assi crecesse:
Agora já fugiria
De mim , se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?
Sá de Miranda
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: <
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
O VASO DA VELHA CHINESA
Uma chinesa velha tinha dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.
Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito. Todos os dias ela ía ao rio buscar água, e ao fim da longa caminhada do rio até casa o vaso perfeito chegava sempre cheio de água, enquanto o rachado chegava meio vazio.
Durante muito tempo a coisa foi andando assim, com a senhora chegando a casa somente com um vaso e meio de água.
Naturalmente o vaso perfeito tinha muito orgulho do seu próprio resultado - e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer.
Ao fim de dois anos, reflectindo sobre a sua própria amarga derrota de ser 'rachado', durante o caminho para o rio o vaso rachado disse à velha :
"Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até à sua casa ..."
A velhinha sorriu :
"Reparaste que lindas flores há no teu lado do caminho, somente no teu lado do caminho ? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todos os dias, enquanto voltávamos do rio, tu regava-las.
Foi assim que durante dois anos pude apanhar belas flores para enfeitar a mesa e alegrar o meu jantar. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa !"
Cada um de nós tem o seu defeito próprio : mas é o defeito que cada um de nós tem, que faz com que nossa convivência seja interessante e gratificante.
É preciso aceitar cada um pelo que é ... e descobrir o que há de bom nele !
Pianista Artur Pizarro elogiado pela crítica inglesa
O segundo e último disco de Artur Pizarro com obras para piano de Ravel, é um trabalho cujo «real triunfo» está na «clareza, nobreza, sensibilidade e precisão de que cada acorde está imbuído», lê-se numa crítica publicada no site da BBC
Pizarro gravou o primeiro CD com música para piano de Ravel no Teatro São Luís em Lisboa e o segundo, agora lançado, em Bristol, Inglaterra. Ambos os álbuns têm etiqueta da editora Linn Records.
Este segundo CD inclui a famosa Pavana para Uma Infanta Defunta, Le Tombeau de Couperin (O túmulo de Couperin) e Menuet Antique, além de Prélude, Menuet Sur Le Nom de Haydn (Minuete sobre o nome de Haydn), Sonatine e as peças escritas à maneira de Borodin e Chabrier.
«O tom», escreve no site a crítica musical Charlotte Gardner, «é tranquilamente reflexivo, mais do que arrebatado. Pizarro capta a qualidade especial que a música de Ravel tem de se deixar envolver por uma transcendência que roça o distanciamento, mas não sucumbe a ele».
O disco, sintetiza a crítica, é «profundamente agradável e um daqueles que, creio, Ravel teria aprovado».
Pizarro nasceu em Lisboa em 1968, e estudou piano, entre 1974 e 1990, com Sequeira Costa, Mark Hamburg, Edwin Fischer, Marguerite Long e Jacques Février.
Vencedor do concurso Vianna da Motta em 1987 e no Concurso de Leeds International Pianoforte em 1990, com uma já consolidada carreira internacional, Pizarro é hoje um dos mais aclamados pianistas portugueses, sendo continuamente solicitado para recitais e concertos com alguns dos mais importantes maestros da actualidade.
Lusa / SOL
O Portugal que temos
Cada vez mais nos afastamos uns dos outros. Trespassamo-nos sem nos ver.
Caminhamos nas ruas com a apática indiferença de sequer sabermos quem somos.
Nem interessados estamos em o saber. Os dias deixaram de ser a aventura do imprevisto e a magia do improviso para se transformarem na amarga rotina do viver português e do existir em Portugal.
Deixámos cair a cultura da revolta. Não falamos de nós. Enredamo-nos na futilidade das coisas inúteis, como se fossem o atordoamento ou o sedativo das nossas dores. E as nossas dores não são, apenas, d'alma: são, também, dores físicas.
Lemos os jornais e não acreditamos. Lemos, é como quem diz - os que lêem. As televisões são a vergonha do pensamento. Os comentadores tocam pela mesma pauta e sopram a mesma música. Há longos anos que a análise dos nossos problemas está entregue a pessoas que não suscitam inquietação em quem os ouve. Uma anestesia geral parece ter sido adicionada ao corpo da nação.
Um amigo meu, professor em Lille, envia-me um email. Há muitos anos, deixou Portugal. Esteve, agora, por aqui. Lança-me um apelo veemente e dorido: 'Que se passa com a nossa terra? Parece um país morto. A garra portuguesa foi aparada ou cortada por uma clique, espalhada por todos os sectores da vida nacional e que de tudo tomou conta. Indignem-se em massa, como dizia o Soares.'
Nunca é de mais repetir o drama que se abateu sobre a maioria. Enquanto dois milhões de miúdos vivem na miséria, os bancos obtiveram lucros de 7,9 milhões por dia. Há qualquer coisa de podre e de inquietantemente injusto nestes números. Dir-se-á que não há relação de causa e efeito. Há, claro que há. Qualquer economista sério encontrará associações entre os abismos da pobreza e da fome e os cumes ostensivos das riquezas adquiridas muitas vezes não se sabe como.
Prepara-se (preparam os 'socialistas modernos' de Sócrates) a privatização de quase tudo, especialmente da saúde, o mais rendível. E o primeiro-ministro, naquela despudorada 'entrevista' à SIC, declama que está a defender o SNS! O desemprego atinge picos elevadíssimos. Sócrates diz exactamente o contrário. A mentira constitui, hoje, um desporto particularmente requintado. É impossível ver qualquer membro deste Governo sem ser assaltado por uma repugnância visceral. O carácter desta gente é inexistente. Nenhum deles vai aos jornais, às Televisões e às Rádios falar verdade, contar a evidência. E a evidência é a fome, a miséria, a tristeza do nosso amargo viver; os nossos velhos a morrer nos jardins, com reformas de não chegam para comer quanto mais para adquirir remédios; os nossos jovens a tentar a sorte no estrangeiro, ou a desafiar a morte nas drogas; a iliteracia, a ignorância, o túnel negro sem fim.
Diz-se que, nas próximas eleições, este agrupamento voltará a ganhar. Diz-se que a alternativa é pior. Diz-se que estamos desgraçados. Diz um general que recebe pressões constantes para encabeçar um movimento de indignação. Diz-se que, um dia destes, rebenta uma explosão social com imprevisíveis consequências. Diz a SEDES, com alguns anos de atraso, como, aliás, é seu timbre, que a crise é muito má. Diz-se, diz-se.
Bem gostaríamos de saber o que dizem Mário Soares, António Arnaut, Manuel Alegre, Ana Gomes, Ferro Rodrigues (não sei quem mais, porque socialistas, socialistas, poucos há) acerca deste descalabro. Não é só dizer: é fazer, é agir. O facto, meramente circunstancial, de este PS ter conquistado a maioria absoluta não legitima as atrocidades governamentais, que sobem em escalada. O paliativo da substituição do sinistro Correia de Campos pela dr.ª Ana Jorge não passa de isso mesmo: paliativo. Apenas para toldar os olhos de quem ainda deseja ver, porque há outros que não vêem porque não querem.
A aceitação acrítica das decisões governamentais está coligada com a cumplicidade. Quando Vieira da Silva expõe um ar compungido, perante os relatórios internacionais sobre a miséria portuguesa, alguém lhe devia dizer para ter vergonha. Não se resolve este magno problema com a distribuição de umas migalhas, que possuem sempre o aspecto da caridadezinha fascista. Um socialista a sério jamais procedia daquele modo. E há soluções adequadas. O acréscimo do desemprego está na base deste atroz retrocesso.
Vivemos num país que já nada tem a ver com o País de Abril. Aliás, penso, seriamente, que pouco tem a ver com a democracia. O quero, posso e mando de José Sócrates, o estilo hirto e autoritário, moldado em Cavaco, significa que nem tudo foi extirpado do que de pior existe nos políticos portugueses.
Há um ranço salazarista nesta gente. E, com a passagem dos dias, cada vez mais se me acentua a ideia de que a saída só reside na cultura da revolta.
Baptista Bastos
domingo, 2 de novembro de 2008
Menina estás à janela...
memórias e imagens ao longe no meu horizonte... gravadas algumas em páginas que leio... sufoco-me... tons pálidos de existencias cansadas... submersas... dispersas... menina triste espreitava pela janela da memória envidraçada... os vidros separam-na do mundo incompreensível... Jan Vermeer olhou para ela de relance e deixou-se assim ficar... na memória... no horizonte das palavras!
Coita d'amor de El Rey D. Denis
Senhor, eu vivo coitada
vida des quando vós nom vi;
mais pois vós queredes assi,
por Deus, senhor bem talhada,
querede-vos de mim doer
ou ar leixade-m'ir morrer.
Vós sodes tam poderosa
de mim que meu mal e meu bem
em vós é todo; (e) por em,
por Deus, mia senhor fremosa,
querede-vos de mim doer
ou ar leixade-m'ir morrer.
Eu vivo por vós tal vida
que nunca estes olhos meus
dormem, mia senhor; e por Deus,
que vos fez de bem comprida,
querede-vos de mim doer
ou ar leixade-m'ir morrer.
Ca, senhor, todo m'é prazer
quant'i vós quiserdes fazer
olhares
Imagens que passais pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...
Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina,
― Porque ides sem mim, não me levais?
Sem vós o que são os meus olhos abertos?
― O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...
Fica, sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão casual de meus dedos incertos,
― Estranha sombra em movimentos vãos.
Camilo Pessanha, Clepsidra, Editora Nova Crítica, Porto
Entre les murs
Chelas
Paris
O filme francês "Entre les murs" de Laurent Cantet, ganhou a Palma de Ouro do 61º Festival de Cannes. O filme é inspirado no livro homónimo de François Bégaudeau.
A produção explora o quotidiano de um colégio parisiense onde um professor de francês ensina uma língua muito diferente da que seus alunos de 14 e 15 anos falam diariamente.
O filme podia ter sido filmado em Chelas, na escola D. Dinis, onde ensino Português. É extraordinário discutir problemas de educação e de escolas como o faz o Ministério que me tutela... Estaremos num país de cegos e surdos? Mudos não são... vomitam palavras sem sentido... magoam ainda mais a existência quotidiana dos professores... e o pessoal tem que aguentar... de que serve afinal a democracia? Viveremos ainda em democracia? Eles comem tudo... e não deixam nada... nem a alegria de viver e trabalhar... os novos vampiros...
Danças do tempo
O Universo
é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.
F.Pessoa
O que é para si a pátria??????
A Pátria levou-me de novo à Figueira da Foz, local de onde me exilara por razões várias... fiz as pazes com o local... revi perto de 50 pessoas que comigo se cruzaram e em quem pelos vistos deixei algumas poeiras de vida... transcendente a forma calorosa como alguns me receberam... pessoas que não via há 10 anos, alguns já nem sabia que existiam na minha memória, com nomes e memórias... Joaquim de Carvalho foi o pretexto... relembrei momentos desesperados em que tentava fazer a minha tese de mestrado e tudo o que li do JC... a fundação da associação e tudo o que tentei fazer na Figueira em prol da cultura... fiquei feliz por perceber que essa atitude deu frutos, que se fazem "coisas" agora... que o Sinal continua vivo... algum trilho ficou aberto....
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