domingo, 23 de novembro de 2008

Objectos da Rainha D. Amélia expostos pela primeira vez



Bisneta do rei Luís Filipe de Orléans, D. Amélia casou-se com D. Carlos em 1886


Objectos que pertenceram à Rainha D. Amélia, mulher de D. Carlos, vão ser expostos pela primeira vez ao público, em Lisboa, a partir de quinta-feira, na Casa-Museu José Anastácio Gonçalves.

Lusa


"Cerca de 90% dos objectos são expostos pela primeira vez, apenas dois vestidos já estiveram numa exposição em Versalhes, localidade onde a Rainha era muito querida pelo seu apoio à população e obras de caridade", disse à Lusa o director da Casa-Museu, José Alberto Ribeiro.

Além de vestidos, na exposição, que estará patente até Abril, poderão ver-se jóias, papéis diversos como anotações das suas visitas, esculturas, pinturas, objectos de culto, cardápios e dois diários.

"Os diários referem-se ao tempo em que D. Amélia foi voluntária da Cruz Vermelha, durante a I Grande Guerra (1914-1918)", indicou José Alberto Ribeiro.

Uma outra curiosidade é o último menu da Família Real em Portugal, relativo ao almoço de 5 de Outubro de 1910, além de muitas outras ementas pintadas por Enrique Casanova.

Esta exposição, explicou o director da Casa-Museu, "insere-se no conceito de uma colecção na casa de um coleccionador, na medida em que os objectos expostos são parte da colecção de Rémi Fénérol sobre objectos da realeza".

O médico José Anastácio Gonçalves, falecido em 1965 em Leninegrado (actual São Petersburgo), foi um coleccionador de arte portuguesa, tendo sido amigo, entre outros, de José Malhoa.

Referindo-se a Fénérol, José Alberto Gonçalves esclareceu que o coleccionador seguiu os passos dos herdeiros dos antigos empregados da Rainha a quem esta, ao longo da vida, ofereceu jóias e objectos pessoais, e que "só se desfizeram desses bens na década de 1980".

Última francesa coroada

Para os franceses, D Amélia "tem um destaque especial, na medida em que foi a última francesa coroada Rainha", assinalou.

Bisneta do rei Luís Filipe de Orléans, D. Amélia casou-se com D. Carlos na Igreja de S. Domingos, em Lisboa, em 1886.

A exposição mostra, não só objectos que saíram de Portugal há cerca de um século, como outros que a Rainha foi adquirindo durante as suas estadas em Inglaterra e em França, onde faleceu, em Chesnay, em 1951.

Fazem parte da mostra, entre outros, quadros pintados por D. Carlos e o Príncipe D. Luís Filipe e aguarelas pintadas pela própria Rainha, bem como objectos de culto como crucifixos e jóias pessoais que a república restituiu em 1911 a D. Manuel II e a D. Amélia.

José Alberto Ribeiro, a este propósito, citou uma frase de D. Amélia, que, referindo-se á jóias devolvidas, escreveu: "Nem um alfinete faltou".

Esta exposição visa atrair mais público à Casa-Museu, que este ano recebeu já 10.000 visitantes.

O historiador Pedro Tavares, em declarações à Lusa, louvou a iniciativa, afirmando que "é através destes eventos que se dinamiza um espaço museológico como a Casa-Museu Anastácio Gonçalves, que tem óptimas características".

Localizada na zona de Picoas, a Casa-Museu reúne essencialmente objectos de uso quotidiano de finais do século XIX e da primeira metade do seguinte e uma colecção de arte portuguesa.

"O facto de Anastácio Gonçalves ser um convicto republicano não choca de forma alguma com a a sua casa receber agora objectos da Rainha", observou o historiador.

PR condecora Armando Jorge


O coreógrafo Armando Jorge vai ser condecorado sábado, no Teatro São Carlos, pelo Presidente da República, com o Grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada, revelou hoje fonte da Companhia Nacional de Bailado (CNB)

Lusa


De acordo com a mesma fonte da CNB, a condecoração deverá ser entregue no final do espectáculo de estreia do bailado clássico "O Quebra Nozes", que regressa ao Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) após 24 anos da estreia, com a mesma versão de Armando Jorge.

No âmbito da temporada da CNB 2008/09, o clássico regressa a este teatro com a actuação inédita ao vivo da Orquestra Sinfónica Portuguesa e do coro do TNSC, parceiro na remontagem do espectáculo.

"Sinto-me muito honrado com esta condecoração", disse o coreógrafo à Agência Lusa a propósito da entrega pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, prevista para sábado à noite, na estreia, no São Carlos.

Para Armando Jorge - que iniciou os seus estudos de ballet no Círculo de Iniciação Coreográfica de Margarida de Abreu, em 1958 - a distinção "é importante como reconhecimento de um trabalho realizado como bailarino, coreógrafo e director artístico da CNB entre 1978 e 1993.

"Dediquei-me à companhia sempre na tentativa de fazer um bom serviço público. Fui afastado involuntariamente", lamentou, recordando a altura em que se insurgiu contra a separação da CNB do TNSC no início dos anos noventa.

O coreógrafo disse ainda que vai dedicar a condecoração aos artistas com quem trabalhou toda a vida: "Eles foram a minha família e a dança foi a minha paixão. A dança, como qualquer arte, só se faz por paixão", salientou.

Aluno de William Dollar no American Ballet Theatre, e de Daniel Seilier na pera de Paris, foi figura principal no Ballet Gulbenkian até 1975.

Foi o primeiro português a interpretar os grandes clássicos como "Giselle" no papel de Albrecht, "O Lago dos Cisnes" no papel de Siegfried, "Raymonda" no papel de Jean de Brien, e "O Quebra Nozes" no papel de Príncipe, e depois o repertório neo-clássico e moderno de coreógrafos de renome como Balanchine, Norman Waker e John Butler.

Além de director-fundador da CNB, organizou o Centro de Formação de Bailarinos desta companhia, na qual foram formados alguns dos mais destacados bailarinos portugueses.

"O Quebra Nozes" com coreografia de Armando Jorge, segundo o argumento de Marius Petipa, tem música de Tchaikovsky, cenografia e figurinos de Artur Casaes e desenho de luz de Pedro Martins.

Talvez o mais dançado de todos os grandes bailados clássico, foi originalmente apresentado no Teatro Mariinski de São Petersburgo, em 1892, e estreado em Portugal pela CNB em 1984, no TNSC.

"O Quebra Nozes" terá ainda apresentações nos dias 28 de Novembro, 05, 06 e 11 de Dezembro, pelas 21:00, e nos dias 23 e 29 de Novembro, e 07 e 13 de Dezembro às 16h00. Está previsto um espectáculo especial para as famílias a 30 de Novembro, pelas 16h00.

Biblioteca multimédia online


Europeana tem mais de dois milhões de obras

A biblioteca multimédia online da Europa, "Europeana", está acessível desde hoje ao público, que através da Internet poderá aceder a mais de dois milhões de obras dos 27 Estados-membros da União Europeia.

Lusa

Esta biblioteca virtual conta com livros, mapas, gravações, fotografias, documentos de arquivo, pinturas e filmes do acervo das bibliotecas nacionais e instituições culturais dos 27 Estados-Membros da UE, tendo por exemplo, de Portugal, a Carta plana de parte da Costa do Brasil - um mapa de 1784.

Acessível, em todas as línguas da UE, através do endereço www.europeana.eu; a biblioteca multimédia europeia conta com material fornecido por mais de mil organizações culturais de toda a Europa, incluindo Museus, como o Louvre de Paris, que forneceram digitalizações de quadros e objectos das suas colecções.

Segundo a Comissão Europeia, que lançou esta iniciativa em 2005, este é "apenas o começo", pois a ideia é expandir a biblioteta, envolvendo também o sector privado.

O objectivo é que, em 2010, a Europeana dê acesso a pelo menos 10 milhões de obras "representativas da riqueza da diversidade cultural da Europa e terá zonas interactivas, nomeadamente para comunidades com interesses especiais".

"Com a Europeana, conciliamos a vantagem competitiva da Europa em matéria de tecnologias da comunicação e de redes com a riqueza do nosso património cultural. Os europeus poderão agora aceder com rapidez e facilidade, num único espaço, aos formidáveis recursos das nossas grandes colecções", comentou o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

Por seu turno, a comissária europeia para a Sociedade da Informação e os Meios de Comunicação, Viviane Reding, apelou "às instituições culturais, editoras e empresas de tecnologia europeias para que alimentem a Europeana com mais conteúdos em formato digital".

Segundo dados da Comissão, desde a "abertura" da biblioteca, hoje de manhã, houve 10 milhões de visitas por hora, tendo esta "tempestade de interesse" forçado mesmo a "deitar o sistema abaixo" por algum tempo para duplicar a capacidade do "site".

Livro "12 erros que mudaram Portugal" chega às livrarias



O livro "12 erros que mudaram Portugal" é da autoria de João Vasco de Almeida e chega hoje às livrarias.



Esta obra desfaz os grandes equívocos da história nacional. Em declarações ao Rádio Clube, o autor conta que a ideia surgiu à mesa.


Entre outras revelações, a obra afirma que, afinal, D. Afonso Henriques não bateu na mãe, mas no amante dela.

Cinema: "Wild Field", do russo Mikhail Kalatozishvili, vence Festival do Filme do Estoril

Lisboa, 22 Nov (Lusa) - O filme "Wild Field", do cineasta russo Mikhail Kalatozishvili, é o vencedor do prémio de Melhor Filme do Festival do filme do Festival 08, anunciou o presidente do júri, o escritor norte-americano Paul Auster.

No valor de 20 mil euros, o prémio foi atribuído a "Wild Field" "por unanimidade", sublinhou Auster, de um júri composto pelo escritor sul-africano J.M. Coetzee (Nobel da Literatura 2003), a escultora espanhola Cristina Iglesias e o artista plástico português Julião Sarmento.

"Um olhar duro e mágico sobre a estepe russa" que "tocou o olhar do júri por uma beleza tão íntima como expansiva" e que este classificou como "a grande descoberta do festival", em comunicado.

O segundo prémio do certame, o Prémio Especial do Júri, patrocinado pela Câmara Municipal de Cascais, foi atribuído ex-aequo aos filmes "Involuntary", do cineasta sueco Ruben Ostlund - a que o júri chamou "o novo 'enfant terrible' do cinema sueco" - e "Hooked", do romeno Adrian Sitaru - "um caso de charme ao primeiro olhar" e "um imenso filme de actores rodado com um minimalismo desconcertante", segundo o júri.

O terceiro galardão, o Prémio Cine-Europa, foi para "Schultes", do realizador russo Bakur Bakuradze, que o júri descreveu como "uma variação 'noir' de um conto de companheiros improváveis, um carteirista desiludido e uma criança das ruas de Moscovo".

A actriz Sara Carinhas, de 20 anos, é a vencedora do Prémio L'Oréal Paris Jovem Talento, no valor de cinco mil euros para investir em formação.

Os vencedores de todos os prémios vão recebê-los hoje das mãos da actriz francesa Isabelle Huppert, na gala de encerramento do festival, que está a decorrer no Casino Estoril.

Os quatro filmes premiados serão novamente exibidos hoje, o último dia do festival iniciado a 14 de Novembro, em que será ainda concluída a retrospectiva dedicada ao realizador norte-americano Tim Burton e a projecção, fora de competição, do filme "Les Plages d'Agnès", da realizadora francesa Agnès Varda, que estará no Estoril ao final do dia para um encontro com o público.

Dos premiados, o segundo classificado "Involuntary" será projectado no Casino Estoril às 19:30, e os restantes três sê-lo-ão no Centro de Congressos do Estoril: o terceiro classificado, "Schultes", às 14:30, o primeiro prémio, "Wild Field", às 22:00, e o outro segundo prémio, "Hooked", à meia-noite.

O produtor Paulo Branco, director do festival, indicou que nenhum dos filmes vencedores tem ainda distribuição assegurada em Portugal e disse que segunda-feira "vestirá a pele do distribuidor novamente e estará interessado num ou dois".

Embora frisando que "ainda não acabou", declarou-se "extremamente contente com a forma como se desenrolou o festival", tanto pela qualidade dos filmes "que justificou quatro prémios em vez de três", como pela "frequência grande e permanente".

"Penso que conseguimos atingir os nossos objectivos (...) multiplicámos por quatro, no mínimo, os espectadores: no ano passado tivemos cinco mil e este ano ultrapassámos os 20 mil", afirmou.

ANC.

Lusa/fim

Cinema: "Linha de Passe" de Walter Salles abre 12º Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira

Porto, 22 Nov (Lusa) - O filme "Linha de Passe" de Walter Salles e Daniela Thomas abre o 12º Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, que se realiza de 29 de Novembro a 7 de Dezembro, anunciou fonte da organização.

Américo Santos, do Cineclube da Feira, entidade organizadora do festival, disse à Lusa que "este filme apresenta uma abordagem ao difícil quotidiano de uma família em São Paulo, feita num soberbo registo realista que depois impele para um imaginário difuso".

Este filme foi aplaudido durante nove minutos no último Festival de Cannes, que atribuiu a Palma de Ouro de Melhor Actriz a Sandra Corveloni, que estará presente nesta sessão em Santa Maria da Feira, no Auditório da Biblioteca Municipal.

Américo Santos destacou também a retrospectiva que o Festival dedica a Bruno de Almeida "um realizador de processos criativos ágeis, que conseguiu desenvolver uma obra sólida feita de impulsos entre a ficção e o documentário, cujos filmes são um tributo à independência enquanto potência criativa do cinema".

Durante o certame serão apresentados cerca de 60 filmes (sendo seis deles estreias mundiais) nos diversos blocos que constituem a programação, sendo exibidos na sua quase totalidade com a presença dos realizadores e actores.

Entre as estreias mundiais estão os filmes "Assim as Mãos", de Cezar Migliorin, "Luz Industrial Mágica" de Kleber Mendonça Filho, e "Triangulum", de Gustavo Jahn e Melissa Dullius, vencedores da anterior edição.

Outras estreias em agenda são "Manitas", de Paulo Abreu, e "Duas da Manhã", o novo filme de Eduardo Nunes, que será exibido fora de competição.

Trata-se de uma adaptação livre de "Jogo de Amarelinha", de Julio Cortázar, que marca o regresso do cineasta brasileiro a Santa Maria da Feira após a realização do programa monográfico em 2004.

Disputam o prémio de Melhor Filme quatro longas-metragens brasileiras (inéditas em Portugal) e duas portuguesas.

Nas curtas-metragens há 24 filmes a concurso (16 brasileiros e oito portugueses), divididos por seis sessões competitivas que incluem, em que nomes já conhecidos, como João Figueiras e Victor-Hugo Borges, ombreiam com novos realizadores como André Gil Mata, João Nuno Pinto, Marcos Pimentel e Eva Randolph.

A secção "Somos filhos da terra", que é em simultâneo um laboratório de descoberta e experimentação, está aberta a filmes nos suportes extra 35mm, apresentando 13 trabalhos a concurso, que são apreciados por um júri próprio.

Esta secção, que foi criada com o intuito de contribuir para a democratização do cinema, assumiu carácter competitivo, de modo a proporcionar o lançamento de novos cineastas.

O festival encerra com a exibição do filme "6=0 Homeostética" de Bruno de Almeida, sobre o grupo de artistas que nos anos 80 formaram o Movimento Homeostética.

PF.

Lusa/Fim

Literatura: Clássicos europeus traduzidos e editados pela Campo das Letras


Lisboa, 21 Nov (Lusa) - A editora Campo das Letras vai participar num projecto de tradução literária de grandes clássicos europeus, anunciou a editora em comunicado.
9:00 | Domingo, 23 de Nov de 2008



Lisboa, 21 Nov (Lusa) - A editora Campo das Letras vai participar num projecto de tradução literária de grandes clássicos europeus, anunciou a editora em comunicado.

O projecto, promovido pelo Departamento da Comissão da União Europeia para a Educação, Audiovisual e Cultura em parceria com a editora Campo das Letras, visa contribuir "para o melhor conhecimento por parte dos leitores portugueses de alguns dos mais importantes clássicos da literatura europeia".

Serão traduzidas as obras "A Língua Posta a Salvo" de Elias Canetti, "Wallenstein" de Friedrich von Schiller, "Guzmán de Alfarache" de Mateo Alemán e ainda "O Livro do Cortesão" de Baldesar Castiglione.

Os livros estarão à venda a partir de 25 de Novembro.

MZS.

Lusa/fim

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Raul da Costa Camelo morreu em Paris aos 84 anos




O pintor Raul da Costa Camelo, 84 anos, faleceu hoje em Paris, disse à Lusa a sua mulher. O artista, natural da Covilhã, vivia em Paris desde 1950, e encontrava-se hospitalizado desde Março

«É de lamentar a perda de um dos mais significativos artistas portugueses em França, um pintor histórico de Paris», disse à Lusa, João Pedro Garcia, director da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris.

Costa Camelo planeava uma grande exposição em Janeiro na Amadora, disse à Lusa, a sua mulher, Claude Costa Camelo.

O pintor, que frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa, e a Academia Real de Belas Artes de Antuérpia, expôs com frequência em França e Portugal, estando representado em várias colecções particulares.

Em 1984, o Governo português condecorou-o com o grau de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 1987, foi a vez do Governo de Paris o distinguir com o grau de Cavaleiro das Artes e das Letras.

Os críticos de arte qualificam a sua obra abstracta como de uma «modernidade intemporal».

O jornal bilingue Luso, que se publica em Paris, quando o distinguiu este ano com o Prémio Talento, escreveu que Costa Camelo «não conhece limites e as suas obras levantam problemas de interpretação do que não é interpretável. É assim, uma pesquisa profunda da cor aplicada na tela com a força de quem quer deixar o traço do pincel, marcado no tempo dos tempos».

Costa Camelo foi também jornalista, tendo chefiado a redacção portuguesa da Rádio France International (RFI), na década de 50.

«De convívio muito agradável, dotado de um espírito irónico, muito interessado por questões culturais, conhecedor profundo da maneira de estar francesa, uma verdadeira enciclopédia sobre a V República Francesa, e poliglota», foi como o jornalista António Garcia apresentou o antigo colega da RFI.

As cerimónias fúnebres decorrerão quarta-feira no cemitério de Père-Lachaise, em Paris, onde será cremado, não se realizando por vontade expressa do pintor qualquer serviço religioso.

Lusa / SOL
1953 – Galeria Mistral em Paris
1962 – Galeria Mouffe em Paris
1969 – 1.° prémio do Office do Turismo de Portugal em Paris
1975 – Galerias Rayuela 19 e La Kabala em Madrid
1976 – Galeria Varron em Salamanca
1976 - Galeria Torques em Santiago de Compostela
1977 – Covilhã
1978 – Prémio de Barbizon
1978 - Galeria Guémard em Angers
1986 – Alliance Française em Lisboa
1987 – Exposições em Coimbra, Tomar, Figueira da Foz, Caixa Geral dos Depósitos em Lisboa
Galeria Quadrado Azul, Porto
1988 – Festa Nacional, Covilhã,
1990 – Alliance Française em Lisboa
1991 – Universidade da Alta Bretanha em Rennes
1994 – Exposição na "Árvore" no Porto
1995 – Galeria Leonardo em Paris
1998 – Galeria Municipal na Amadora
2000 – Galeria Iosephus em Lisboa
As suas obras estão representadas em colecções particulares e museus em França e no estrangeiro.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O país onde vivo


Neste país onde vivo... algo de estranho acontece... que me envergonha... não me emudece porque o quero declarar... e sobre ele reflectir... como podemos ter um 1ºministro que, em missão na venezuela, tenta vender "magalhães" e usa como argumento.... "este computador é como o tintim, dos 7 aos 77".... que nojo de tudo isto me fica... que chalaça mais sem sentido... e ri-se o pobre diabo...

sá de miranda e pessoa



Comigo me desavim

Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.

Com dor da gente fugia,
Antes que esta assi crecesse:
Agora já fugiria
De mim , se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?

Sá de Miranda



Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: <>
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

O VASO DA VELHA CHINESA






Uma chinesa velha tinha dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.

Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito. Todos os dias ela ía ao rio buscar água, e ao fim da longa caminhada do rio até casa o vaso perfeito chegava sempre cheio de água, enquanto o rachado chegava meio vazio.

Durante muito tempo a coisa foi andando assim, com a senhora chegando a casa somente com um vaso e meio de água.

Naturalmente o vaso perfeito tinha muito orgulho do seu próprio resultado - e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer.
Ao fim de dois anos, reflectindo sobre a sua própria amarga derrota de ser 'rachado', durante o caminho para o rio o vaso rachado disse à velha :

"Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até à sua casa ..."
A velhinha sorriu :

"Reparaste que lindas flores há no teu lado do caminho, somente no teu lado do caminho ? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todos os dias, enquanto voltávamos do rio, tu regava-las.
Foi assim que durante dois anos pude apanhar belas flores para enfeitar a mesa e alegrar o meu jantar. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa !"

Cada um de nós tem o seu defeito próprio : mas é o defeito que cada um de nós tem, que faz com que nossa convivência seja interessante e gratificante.
É preciso aceitar cada um pelo que é ... e descobrir o que há de bom nele !

Pianista Artur Pizarro elogiado pela crítica inglesa


O segundo e último disco de Artur Pizarro com obras para piano de Ravel, é um trabalho cujo «real triunfo» está na «clareza, nobreza, sensibilidade e precisão de que cada acorde está imbuído», lê-se numa crítica publicada no site da BBC

Pizarro gravou o primeiro CD com música para piano de Ravel no Teatro São Luís em Lisboa e o segundo, agora lançado, em Bristol, Inglaterra. Ambos os álbuns têm etiqueta da editora Linn Records.

Este segundo CD inclui a famosa Pavana para Uma Infanta Defunta, Le Tombeau de Couperin (O túmulo de Couperin) e Menuet Antique, além de Prélude, Menuet Sur Le Nom de Haydn (Minuete sobre o nome de Haydn), Sonatine e as peças escritas à maneira de Borodin e Chabrier.

«O tom», escreve no site a crítica musical Charlotte Gardner, «é tranquilamente reflexivo, mais do que arrebatado. Pizarro capta a qualidade especial que a música de Ravel tem de se deixar envolver por uma transcendência que roça o distanciamento, mas não sucumbe a ele».

O disco, sintetiza a crítica, é «profundamente agradável e um daqueles que, creio, Ravel teria aprovado».

Pizarro nasceu em Lisboa em 1968, e estudou piano, entre 1974 e 1990, com Sequeira Costa, Mark Hamburg, Edwin Fischer, Marguerite Long e Jacques Février.

Vencedor do concurso Vianna da Motta em 1987 e no Concurso de Leeds International Pianoforte em 1990, com uma já consolidada carreira internacional, Pizarro é hoje um dos mais aclamados pianistas portugueses, sendo continuamente solicitado para recitais e concertos com alguns dos mais importantes maestros da actualidade.

Lusa / SOL

O Portugal que temos



Cada vez mais nos afastamos uns dos outros. Trespassamo-nos sem nos ver.
Caminhamos nas ruas com a apática indiferença de sequer sabermos quem somos.
Nem interessados estamos em o saber. Os dias deixaram de ser a aventura do imprevisto e a magia do improviso para se transformarem na amarga rotina do viver português e do existir em Portugal.

Deixámos cair a cultura da revolta. Não falamos de nós. Enredamo-nos na futilidade das coisas inúteis, como se fossem o atordoamento ou o sedativo das nossas dores. E as nossas dores não são, apenas, d'alma: são, também, dores físicas.

Lemos os jornais e não acreditamos. Lemos, é como quem diz - os que lêem. As televisões são a vergonha do pensamento. Os comentadores tocam pela mesma pauta e sopram a mesma música. Há longos anos que a análise dos nossos problemas está entregue a pessoas que não suscitam inquietação em quem os ouve. Uma anestesia geral parece ter sido adicionada ao corpo da nação.

Um amigo meu, professor em Lille, envia-me um email. Há muitos anos, deixou Portugal. Esteve, agora, por aqui. Lança-me um apelo veemente e dorido: 'Que se passa com a nossa terra? Parece um país morto. A garra portuguesa foi aparada ou cortada por uma clique, espalhada por todos os sectores da vida nacional e que de tudo tomou conta. Indignem-se em massa, como dizia o Soares.'

Nunca é de mais repetir o drama que se abateu sobre a maioria. Enquanto dois milhões de miúdos vivem na miséria, os bancos obtiveram lucros de 7,9 milhões por dia. Há qualquer coisa de podre e de inquietantemente injusto nestes números. Dir-se-á que não há relação de causa e efeito. Há, claro que há. Qualquer economista sério encontrará associações entre os abismos da pobreza e da fome e os cumes ostensivos das riquezas adquiridas muitas vezes não se sabe como.

Prepara-se (preparam os 'socialistas modernos' de Sócrates) a privatização de quase tudo, especialmente da saúde, o mais rendível. E o primeiro-ministro, naquela despudorada 'entrevista' à SIC, declama que está a defender o SNS! O desemprego atinge picos elevadíssimos. Sócrates diz exactamente o contrário. A mentira constitui, hoje, um desporto particularmente requintado. É impossível ver qualquer membro deste Governo sem ser assaltado por uma repugnância visceral. O carácter desta gente é inexistente. Nenhum deles vai aos jornais, às Televisões e às Rádios falar verdade, contar a evidência. E a evidência é a fome, a miséria, a tristeza do nosso amargo viver; os nossos velhos a morrer nos jardins, com reformas de não chegam para comer quanto mais para adquirir remédios; os nossos jovens a tentar a sorte no estrangeiro, ou a desafiar a morte nas drogas; a iliteracia, a ignorância, o túnel negro sem fim.

Diz-se que, nas próximas eleições, este agrupamento voltará a ganhar. Diz-se que a alternativa é pior. Diz-se que estamos desgraçados. Diz um general que recebe pressões constantes para encabeçar um movimento de indignação. Diz-se que, um dia destes, rebenta uma explosão social com imprevisíveis consequências. Diz a SEDES, com alguns anos de atraso, como, aliás, é seu timbre, que a crise é muito má. Diz-se, diz-se.

Bem gostaríamos de saber o que dizem Mário Soares, António Arnaut, Manuel Alegre, Ana Gomes, Ferro Rodrigues (não sei quem mais, porque socialistas, socialistas, poucos há) acerca deste descalabro. Não é só dizer: é fazer, é agir. O facto, meramente circunstancial, de este PS ter conquistado a maioria absoluta não legitima as atrocidades governamentais, que sobem em escalada. O paliativo da substituição do sinistro Correia de Campos pela dr.ª Ana Jorge não passa de isso mesmo: paliativo. Apenas para toldar os olhos de quem ainda deseja ver, porque há outros que não vêem porque não querem.

A aceitação acrítica das decisões governamentais está coligada com a cumplicidade. Quando Vieira da Silva expõe um ar compungido, perante os relatórios internacionais sobre a miséria portuguesa, alguém lhe devia dizer para ter vergonha. Não se resolve este magno problema com a distribuição de umas migalhas, que possuem sempre o aspecto da caridadezinha fascista. Um socialista a sério jamais procedia daquele modo. E há soluções adequadas. O acréscimo do desemprego está na base deste atroz retrocesso.

Vivemos num país que já nada tem a ver com o País de Abril. Aliás, penso, seriamente, que pouco tem a ver com a democracia. O quero, posso e mando de José Sócrates, o estilo hirto e autoritário, moldado em Cavaco, significa que nem tudo foi extirpado do que de pior existe nos políticos portugueses.
Há um ranço salazarista nesta gente. E, com a passagem dos dias, cada vez mais se me acentua a ideia de que a saída só reside na cultura da revolta.

Baptista Bastos

domingo, 2 de novembro de 2008

Menina estás à janela...




memórias e imagens ao longe no meu horizonte... gravadas algumas em páginas que leio... sufoco-me... tons pálidos de existencias cansadas... submersas... dispersas... menina triste espreitava pela janela da memória envidraçada... os vidros separam-na do mundo incompreensível... Jan Vermeer olhou para ela de relance e deixou-se assim ficar... na memória... no horizonte das palavras!

Coita d'amor de El Rey D. Denis


Senhor, eu vivo coitada
vida des quando vós nom vi;
mais pois vós queredes assi,
por Deus, senhor bem talhada,
querede-vos de mim doer
ou ar leixade-m'ir morrer.

Vós sodes tam poderosa
de mim que meu mal e meu bem
em vós é todo; (e) por em,
por Deus, mia senhor fremosa,
querede-vos de mim doer
ou ar leixade-m'ir morrer.

Eu vivo por vós tal vida
que nunca estes olhos meus
dormem, mia senhor; e por Deus,
que vos fez de bem comprida,
querede-vos de mim doer
ou ar leixade-m'ir morrer.

Ca, senhor, todo m'é prazer
quant'i vós quiserdes fazer

Kasa no Iratsume, 8th Century




Os deuses celestes são irracionais:
Eu podia morrer sem haver-te conhecido,
a ti a quem amo tanto.

olhares



Imagens que passais pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...

Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina,
― Porque ides sem mim, não me levais?

Sem vós o que são os meus olhos abertos?
― O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...

Fica, sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão casual de meus dedos incertos,
― Estranha sombra em movimentos vãos.

Camilo Pessanha, Clepsidra, Editora Nova Crítica, Porto

Entre les murs


Chelas

Paris





O filme francês "Entre les murs" de Laurent Cantet, ganhou a Palma de Ouro do 61º Festival de Cannes. O filme é inspirado no livro homónimo de François Bégaudeau.

A produção explora o quotidiano de um colégio parisiense onde um professor de francês ensina uma língua muito diferente da que seus alunos de 14 e 15 anos falam diariamente.

O filme podia ter sido filmado em Chelas, na escola D. Dinis, onde ensino Português. É extraordinário discutir problemas de educação e de escolas como o faz o Ministério que me tutela... Estaremos num país de cegos e surdos? Mudos não são... vomitam palavras sem sentido... magoam ainda mais a existência quotidiana dos professores... e o pessoal tem que aguentar... de que serve afinal a democracia? Viveremos ainda em democracia? Eles comem tudo... e não deixam nada... nem a alegria de viver e trabalhar... os novos vampiros...

Danças do tempo

 
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O Universo
é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.

Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,

esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.

F.Pessoa

O que é para si a pátria??????

 
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A Pátria levou-me de novo à Figueira da Foz, local de onde me exilara por razões várias... fiz as pazes com o local... revi perto de 50 pessoas que comigo se cruzaram e em quem pelos vistos deixei algumas poeiras de vida... transcendente a forma calorosa como alguns me receberam... pessoas que não via há 10 anos, alguns já nem sabia que existiam na minha memória, com nomes e memórias... Joaquim de Carvalho foi o pretexto... relembrei momentos desesperados em que tentava fazer a minha tese de mestrado e tudo o que li do JC... a fundação da associação e tudo o que tentei fazer na Figueira em prol da cultura... fiquei feliz por perceber que essa atitude deu frutos, que se fazem "coisas" agora... que o Sinal continua vivo... algum trilho ficou aberto....

sábado, 1 de novembro de 2008

as primeiras letras

 
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As primeiras letras que aprendi determinaram-me a existência... a ansia que tinha em saber escrever esbateu-se e apagou-se com o tempo... canso-me agora de gastar palavras... as crianças preferem agora carregar em botões... as crianças querem o que lhes dão e o mundo virou-se agora do avesso... desencontro-me das palavras.... continuam perdidas em ecos...